Crenças familiares

Crenças familiares

As crenças familiares são os aspectos que caracterizam cada família. Dentro da Terapia Familiar Sistêmica trabalho muito com essas crenças, tentando fazer cada paciente entender o que é imposto pela família, e o que é o seu pensamento próprio.

Nunca há o bom ou o ruim, mas é preciso entender que essas crenças são pré-conscientes. Ou seja, a família admite ter certas crenças, mas não sabe ao certo porque ou de onde vieram. Só sabem que é passada por gerações, até que alguém torna isso consciente e pode muda na sua própria geração.

Um exemplo muito fácil de entender isso, é quando ouvimos que: tudo bem o filho de fulano ser homossexual, mas o seu filho não pode. Ou seja, por trás dessas crenças existem verdades intoleráveis para a família, com consequências dolorosas para as próximas gerações.

O principal aspecto de uma crença é ser na forma de “papéis” na família. O pai que trabalha para sustentar a casa e só; a mãe que se encarrega 100% da educação e interação com os filhos; a “ovelha negra” da família por ser diferente; e o “modelo a ser seguido”, por ter feito exatamente o que se esperava dele.

Essas crenças também representam a imagem que a família tem de si mesma. Às vezes uma imagem de família feliz para os externos, contudo encobrem uma realidade muito diferente – e que geralmente se recusam a aceitar que essa realidade existe. Toda crença é passada de geração para geração e representa como a família se relaciona com o mundo. Se ela vai aceitar ou repudiar a diversidade, se ela vai impor suas expectativas sobre os filhos, ou, aceitá-los como eles são.

E esse processo de conhecimento das crenças familiares pode ser feito com ajuda do psicoterapeuta, que vai trabalhar o autoconhecimento e ajudar a pessoa a pensar por si mesmo, abraçando o que lhe serve e rejeitando o que não é uma verdade para ela.

Os tipos de crenças familiares

Tudo bem se você concordar e assumir uma crença familiar para si. Mas isso deve ser feito de forma consciente, o que é muito difícil, pois elas estão muito intrínsecas nas famílias. Entenda quais são elas:

  • As crenças de harmonia são quando a família constrói uma imagem fantasiosa de si mesma para passar as outras pessoas. Esse sistema acredita que não tem problemas algum e que há uma união inquebrável entre os membros. Essa imagem perfeita nada mais é do que uma tentativa de esconder algo de que eles se sentem muito culpados ou envergonhados dentro da família. Nesses casos, alguns membros ou quase todos, possuem quadros de depressão e/ou ansiedade.
  • As crenças de desculpas é colocar a “culpa” de todos os problemas da família em um indivíduo. Isso libera os outros membros do sistema de toda e qualquer responsabilidade. Esse culpado pode estar vivo ou morto, mas ele ocupa essa função, para que os outros familiares não resolvam os próprios problemas.
  • E as crenças de salvação acontecem quando a família projeta todos os anseios e expectativas em uma pessoa. Como se ele fosse o único capaz de resolver os problemas e fazer tudo funcionar corretamente. É a imagem do “salvador da pátria”. Mais uma vez, a família se exime da responsabilidade individual de cada um sobre aquele sistema.

Acontece ainda de a família atribuir ao psicólogo a imagem de “salvador” durante a psicoterapia familiar. O que é muito trabalhado em consultório para esclarecer cada papel, da família e do profissional.

No setting terapêutico, trabalho de forma que cada um se liberte dessas crenças e construa as suas próprias verdades, assumindo a responsabilidade das suas ações e escolhas, individualmente.

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